Energia eólica: a frustração de quem sonhava viver dos ventos no RN
Hélen Freitas De Parazinho (RN)
06/12/2023
Postado por Repórter Brasil
Partida de futebol no projeto de assentamento Chico Mendes, em Touros (RN); comunidades estão cercadas por parques eólicos
Imagem: Mariana Greif/Repórter Brasil
Analfabeto, José Bernardo Sobrinho assinou um contrato de 37 anos, renováveis por mais 22, com uma empresa de energia eólica que fincou uma torre em seu quintal para captar ventos.
Tudo aconteceu sem que José entendesse que o acordo o impediria de plantar feijão na sua roça ou mesmo construir mais casas para os filhos que iriam crescer em Parazinho, no semiárido de Rio Grande do Norte.
Assim como José, centenas de famílias do estado arrendaram suas terras para empresas eólicas acreditando que poderiam passar a viver de vento. Contudo, hoje elas se queixam de receber menos que o esperado, ou até ganhar abaixo do valor assinado em contrato.
Em alguns casos, os proprietários reclamam de ser impedidos de usar suas terras para o roçado, principal ganha-pão das comunidades.
"A gente plantou feijão carioca no pé daquela torre mais fininha, e eles pegaram o trator e passaram por cima."
Severina Rodrigues da Silva
Viúva de José, Severina vive com seis barulhentas torres instaladas perto de sua casa -- a mais próxima está a 220 metros e dificulta a conversa com a reportagem.