domingo, 31 de julho de 2011

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: Uma perspectiva para a construção do currículo escolar no semiárido Piauiense - município de Dom Inocêncio

2. O SURGIMENTO DA “GALINHA DOS OVOS DE OURO” CHAMADA NORDESTE

                   O Nordeste é uma região problematizada por vários autores no que diz respeito á sua condição de região mais pobre do país. Já foi discutida a sua situação exaustivamente sem que se chegasse á um consenso geral que pudesse reverter o quadro que perdura a cerca de três séculos...


 Um dos motivos principais que impedem essa mudança é o fato de que esta situação em que se encontra a região continua sendo vantajosa para a elite dominante.

Outro fator preponderante é a falta de consciência da população em romper definitivamente com alguns mitos que continuam a povoar o imaginário local, mitos esses que já foram derrubados há algum tempo, mas que a elite deseja mantê-los vivos, pois foi através deles que a obtenção de verbas governamentais foi possível, assim como a manutenção do poder local.
                   O principal desses mitos é o da seca, que continua convivendo com o sertanejo desde que este se instalou por aqui. Mas para entendermos melhor como ele surgiu é preciso voltar um pouco no tempo, precisamente no final do século XIX, quando não existia o que entendemos hoje como região Nordeste.




                 O recorte regional do Nordeste surgiu da decadência econômica e da falta de prestígio político das elites então consideradas “nortistas”, vinculadas á produção agrícola, sobretudo á cultura da cana-de-açúcar que, sentindo-se ameaçados pelo processo de centralização do desenvolvimento de uma sociedade urbana e industrial ocorrido no Sul do País mais precisamente em São Paulo.

Resolvem  então, criar um espaço singular homogêneo, visto como uma unidade, representante fiel da cultura brasileira, sem miscigenação com outras raças, a não ser o branco português, o índio e mais discretamente o negro, e que, portanto, deveria ser tratado de forma específica e privilegiado pelo Estado.

O Nordeste se torna então uma trincheira atrás da qual vêm se colocar estas elites em declínio, para reivindicarem investimentos por parte do Estado (ALBUQUERQUE JR. 2009).
                 A criação do recorte regional Nordeste pelas elites da   época tratava-se de uma autêntica farsa, politicamente falando, criado apenas em benefício próprio para manter os privilégios alcançados por uma classe que não admitia perder o prestígio e o poder que se desenhava no novo quadro político e econômico da Nação.

Os efeitos negativos da decisão elitista em optar por este caminho são sentidos até hoje, repercutindo em toda a sociedade, e que acabou atravancando o desenvolvimento da região.
                               Assim surgiu o Nordeste, abalado constantemente por secas periódicas, que se tornou a grande arma política das elites, sendo usada como bode expiatório para explicar a pobreza e a miséria em que vivia a população.

Utilizados como argumento incontestável, a seca é fundamental para definir a região, conseguir verbas governamentais e ampliar o território considerado como região semiárida.
                               Mas, se formos comparar o semiárido nordestino, com outras regiões semiáridas do globo, o mito da seca é facilmente derrubado, pois aqui temos um dos maiores, senão o maior, índice pluviométrico do semiárido, com uma população totalmente adaptada ás condições climáticas, sem falar que o clima árido de outras regiões com Austrália, Califórnia ou Israel, não lançou suas populações em um estado de miséria.

           3. A CONVIVÊNCIA COM A SECA

                 Há algum tempo atrás se falava muito em combater a seca no Nordeste, uma estratégia adotada principalmente por Governos anteriores que acabavam criando departamentos de combate á seca como a Inspetoria Federal de Obras Contra a Seca (IFOCS), o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS) que carregavam esta missão inclusive no próprio nome.

Um dos pesquisadores que trabalhou nestes órgãos e conhecia profundamente os efeitos da seca foi o engenheiro Guimarães Duque que, tendo vivenciado várias secas na região, defendia que o combate ao fenômeno natural era praticamente impossível por se tratar justamente de um ciclo natural periódico.

Assim, o que Duque pregava era buscar uma alternativa de convivência com o ambiente semiárido, ao invés de tentar eliminar um problema que fazia parte da própria natureza da região.


                                   Foto 1.2: Caixilho ou Barreiro na época da estiagem                           
Foto 1.3: Barragem em Sal de Baixo- DOM INOCENCIO-PI

Outro autor que acabou por desmistificar o discurso da seca foi Josué de Castro (apud SILVA, 2008) que apontava para as verdadeiras causas da miséria e da pobreza e que não eram definidas necessariamente pelas condições climáticas.

Para o autor a fome não era resultado do crescimento demográfico, mas a explicação para a pobreza e o baixo nível alimentar residia nas condições socioeconômicas, pois o que estava na origem da fome era a forte concentração de renda e da estrutura fundiária, a expropriação dos trabalhadores, a utilização da terra para uma agricultura fundiária em detrimento da produção interna de alimentos. 




4. O MODELO DE DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA

4.1- O mito do desenvolvimento universal

O sistema capitalista, mesmo com todas as suas imperfeições, acabou por sobressair-se sobre o modelo socialista que, com a decadência considerada irreversível, tornou-se praticamente insustentável, (com exceção de Cuba, onde ainda persiste) nos países que optaram pelo regime.
O capitalismo, centralizado na propriedade privada, traz em seu bojo a falsa idéia de desenvolvimento, baseada na produção que é sinônimo de riqueza.

 Mas é preciso atentar que este desenvolvimento, que de fato pode ocorrer, apenas beneficia uma pequena parcela da população, deixando de fora uma enorme fatia de excluídos, que não dispõe dos recursos de produção e nem participa na divisão dos lucros auferidos pelo sistema.
As características essenciais do sistema são bastante conhecidas como, por exemplo, a centralização dos recursos nas mãos dos capitalistas, a avidez sem limites do capital em querer multiplicar-se, perpetuando, dessa forma, as diferenças individuais, e criando uma sociedade onde as desigualdades só tendem a aumentar cada vez mais.
O apetite do capital não conhece limites, sua reprodução é por tempo indeterminado, infinitamente, sua voracidade é tanta que não respeita os recursos naturais, o meio ambiente, os direitos sociais, e não está preocupado em resolver problemas causados por ele mesmo, como a exclusão social, a miséria e a pobreza daqueles que foram expropriados dos meios de produção.
Um sistema com essas características, desse porte, jamais poderia, por si mesmo, fazer a tão almejada distribuição de riqueza entre a população, pois se trata de um modelo onde o egocentrismo prevalece sobre todas as outras características.
O capitalismo está associado á idéia de progresso, mas é preciso lembrar que progresso não significa necessariamente desenvolvimento, basta ver que regiões consideradas progressivas como São Paulo, por exemplo, apresentam altos índices de pobreza e não conseguem acabar com a miséria, apesar de possuir a maior concentração de pessoas consideradas ricas do país - em torno de 400.000 - em última pesquisa realizada em 2009 somente na cidade de São Paulo – e de ter o maior parque industrial da América Latina.

  Dessa forma, a idéia do desenvolvimento econômico, segundo Furtado (apud SILVA, 2008) era uma utopia, ou um mito, e que graças á ela tem sido possível desviar as atenções da tarefa básica de identificação das reais necessidades que são fundamentais para a coletividade e das possibilidades de consumo.
Furtado sustentava que era impossível reproduzir o modelo americano de desenvolvimento em toda terra, pois não havia espaço e nem recursos naturais suficientes. Seria o colapso da civilização moderna com o esgotamento total das reservas ambientais.

4.2 O paradigma civilizatório

                 O desenvolvimento a todo custo como única alternativa para o progresso da população provocou impactos nas áreas sociais e ambientais principalmente, episódio que ficou conhecido como “paradigma civilizatório” (SILVA, 2008).
                 A base ideológica deste paradigma está na constatação de que o progresso científico e tecnológico traria o crescimento econômico como base e condição para a felicidade, pois proveria o conforto e a satisfação das necessidades básicas do ser humano, o que na verdade não foi constatado para a grande maioria das pessoas que vivem nas regiões que experimentaram este surto desenvolvimentista.

A base material desta tese é o fator industrialização que significa a produção em larga escala, em massa, tendo como lócus principal a questão da urbanização como condição primordial para o escoamento da produção.
Mas este sistema só vem aumentar os mecanismos de controle e desigualdade, pois a indução da demanda provoca a sensação de escassez pela concentração de renda. Estas condições, citadas anteriormente, geram a chamada “crise global civilizatória”. (SILVA, op. c.).
                                                                           
5. O SISTEMA CONSIDERADO IDEAL

Nossa geração atual enfrenta vários desafios que comprometem a continuação da vida na terra, em particular, a questão ambiental, que é objeto de discussões acaloradas, em busca de uma resposta para a pergunta crucial que é feita por todos, ou seja, pode haver desenvolvimento econômico sem comprometer o meio ambiente e os recursos naturais?
A resposta para a questão é delicada, pois são aspectos totalmente antagônicos, onde o avanço de um, significa interferência no espaço do outro. Alguns paradigmas como o civilizatório e o mecanicista da década de 50, no século passado, tinham uma visão de conceber o desenvolvimento como crescimento econômico.

Não se ponderava a questão ambiental como parte do processo de desenvolvimento considerando os fatores ambientais como restrições, que precisam ser superadas (RODRIGUEZ, 2009, p.17).

Porém, no fim do século XX, o padrão de desenvolvimento prevalecente caiu em declínio porque os problemas principais da humanidade não estavam resolvidos.

 Ao se analisar os fundamentos da Filosofia e da Ciência, notou-se que se dirigiam para uma visão de desencanto, segundo Andrade (apud RODRIGUEZ, 2001).
Atualmente está surgindo um movimento chamado reconstrução ou pós-modernismo, que começa a questionar esta forma atual de crescimento, esta desconstrução pode ajudar na mudança do paradigma. Porém, antes de construir um paradigma alternativo, há que se desconstruir aquilo que não se quer mais.
O desenvolvimento atual como forma de crescimento está chegando ao fim, uma vez que não pode ser universalizado no espaço nem tão pouco ser durável no tempo e consumiria vários planetas para se concretizar, logo, devemos,
“Exorcizar o conceito de desenvolvimento porque este termo carrega ás suas costas                      a acumulação ideológica da visão do desenvolvimentismo baseado no progresso contínuo, herdado da filosofia iluminista. Também essa noção está carregada de mitos”. (Angel Maya, 1996, p.25)
No modelo que se apresenta não existe um padrão único de desenvolvimento que cada país deve seguir, a perspectiva é não-linear, ou seja, são muitos padrões para construir e lograr o desenvolvimento, pois são diversas opções  para se construir o futuro.

Cada país segue o padrão que mais lhe convém, sem se importar com as nações que estejam em um patamar mais elevado, a inovação deve substituir a imitação de um modelo.

Assim deve-se procurar aprender com as próprias experiências e tradições, procurando tirar vantagens deste conhecimento obtido anteriormente, para descobrir um caminho próprio (RODRIGUEZ, 2009).
O ser humano está no centro do novo modelo, o desenvolvimento humano é o objetivo principal, assim como o fortalecimento das instituições que produz uma maior disposição e capacidade para o trabalho em equipe.

 Outro fator a considerar, é quanto ao capital que, ao invés de material no modelo convencional, passa agora a ser social no novo modelo.

Diferente de uma sociedade consumista, onde o que importa é “ter”, na nova perspectiva o “ser” se torna mais importante, o capital social se sobrepõe ao material.

5.1 Sustentabilidade

Em contraposição ao modelo capitalista, ou como alternativa de desenvolvimento surgem algumas propostas que têm como base a sustentabilidade dos recursos naturais, e que pregam o desenvolvimento sem impacto ambiental e que privilegia o aumento da qualidade de vida, a eliminação da pobreza com a distribuição igualitária dos recursos de produção e da renda, respeitando as condições naturais de cada região.
 A dimensão social, que expressa à perspectiva includente do desenvolvimento como estratégia de redução das disparidades da renda e da riqueza. A qualidade de vida não é reduzida á promessa do bem-estar da sociedade de consumo, mas é compreendida como o direito que o homem tem a uma vida digna, e á realização de suas aspirações morais, intelectuais e afetivas.              
A sustentabilidade econômica é a produtividade ambientalmente equilibrada, com a construção de novos mecanismos de distribuição social das riquezas. Sob este ângulo o objetivo central é o de elevação da produtividade global,                    
“incentivando atividades produtivas adaptadas ás condições ecológicas da região, baseada na utilização racional dos recursos naturais e na valorização do trabalho humano. Expressa, portanto, uma nova racionalidade que valoriza as formas de produção apropriadas aos ecossistemas como potenciais para um crescimento econômico equitativo e sustentável” (Silva, 2008, p.185).

5.2 A nova consciência ambiental

A crise ambiental, é eminentemente cultural, ultrapassá-la visando o retorno de uma relação de harmonia entre o homem e a natureza requer a instalação de um novo tipo de cultura, uma reaprendizagem cultural, ou uma volta ás origens.

Esta adaptação cultural tem como principal protagonista a Educação, que permite a transmissão das características fundamentais da cultura, das técnicas, do conhecimento tecnológico e normas de comportamento social.
Como bem frisou Rodriguez, ao analisar o quadro de valores que a sociedade atual prioriza, notamos uma grande contradição no que diz respeito á preservação ambiental, “a educação ambiental deverá formar valores ambientais, ou valores verdes, que deverão ser muito diferentes dos chamados valores da modernidade” (Rodriguez, 2009, p.177), observe no quadro a seguir, uma análise dos chamados valores verdes em contraposição aos valores da modernidade,




6. A REGIÃO DO SEMIÁRIDO NORDESTINO

                   O semiárido nordestino é a região caracterizada por apresentar reservas hídricas insuficientes. Ocupa uma área de 803.328,9 km² do Nordeste, e mais 54.670,4 km² de Minas Gerais. A área piauiense incluída na região semiárida do Nordeste corresponde a 125.692 km² (14% do total, ou 50,1% da área de Estado), com uma população que representa cerca de 30% do total do Estado e 5% da população nordestina do semiárido (SUDENE, 2002).
Obs. Estima-se que atualmente, em 2010, a área total do semiárido nordestino esteja em torno de 969.589,4 km² devido ao crescimento da quantidade de municípios que resolveram aderir à região em busca de auxílio governamental.

6.1 Condições necessárias para enquadramento no semiárido

Qualquer que seja o município interessado em fazer parte do semiárido nordestino (são muitos os municípios atualmente que desejam ser incorporados ao Polígono das secas, em virtude das verbas governamentais destinadas à região) deve satisfazer a três requisitos básicos e fundamentais exigidos pelos órgãos governamentais, que são:
- índice pluviométrico de 800 mm anuais em média.
- índice de aridez de 0,5
- risco de seca maior que 60%.

Se um destes três índices ocorrer, então o referido município será considerado como pertencendo ao semiárido. São 1.133 municípios atualmente inseridos na região do semiárido nordestino.




6.2 As secas são previsíveis

O fenômeno das secas no semiárido nordestino mantém uma regularidade de cerca de seis anos, sendo previsível, pelo sertanejo, que deve se preparar durante este período armazenando e racionando o máximo de água que puder, visando atravessar a estiagem que dura em torno de seis a sete meses no ano. Entende-se por seca, o período em que, no inverno, não chove o suficiente ou esperado para este espaço de tempo.

A média anual de chuvas é de 500 mm por m², em todo o semiárido nordestino, com cerca de 900.000 km² como vimos acima, significa 491 bilhões de m³ de água por ano.

Desse valor, 87% são evaporados e 4% infiltram no solo, restando 9% de água que escorre e que é aproveitada pelo sertanejo. São 44,2 bilhões de m³ que são distribuídos para os 21 milhões de habitantes, ou seja, teremos 2.105 m³ por pessoa/ano.

Segundo dados da ONU - Organização das Nações Unidas são necessários em média 1.700 m³ de água por pessoa ao ano, ou seja, a média do semiárido ultrapassa este valor o que significa que existe água suficiente, o que falta mesmo são sistemas de armazenamento e distribuição para a população.

6.3 A evapotranspiração

A evapotranspiração é a evaporação da água, que no semiárido nordestino é bastante alta devido à grande quantidade de insolação anual, o índice médio na região é de 3.000 mm ou 3 metros anuais que voltam para a atmosfera, o que indica que qualquer acumulação ou armazenamento de água deve levar em consideração esta medida, fazendo os mecanismos de captação de água mais profundos, pois sabemos que 3 metros, com certeza serão evaporados no ano.



6.4 A questão fundiária

No semiárido do Nordeste não existe um planejamento do uso da terra, não se sabe quanto é necessário, em hectares, para se produzir. A divisão não segue um padrão, não se tem uma política voltada para a manutenção dos recursos fundiários. Uma família com 30 hectares de terra e com seis filhos, ao dividir as terras, cada um dos filhos recebe uma quantidade cada vez menor para produzir.

6.5 A Cisterna

A cisterna para armazenamento da água da chuva foi idealizada para promover a independência do sertanejo, mas o que acontece, na maioria dos casos, é o carro pipa sendo utilizado como meio de concentrar o poder local. Até mesmo nas escolas o que se verifica é o carro pipa abastecendo a cisterna que, por ser pequena, não comporta o suficiente para um mês.

Como o período eleitoral acaba coincidindo com o período da seca, o que ocorre, muitas vezes, é a troca de votos por água, pois mesmo que a Defesa Civil, ou o Exército, (que são responsáveis por abastecer a região na época de estiagem), não execute este serviço no período de eleições, para não caracterizar a troca de votos, o município acaba por assumir esta responsabilidade e aproveitando a situação para se fortalecer politicamente perante os eleitores, pois é preciso socorrer a população principalmente nesta época.


7. O TERRITÓRIO SERRA DA CAPIVARA

7.1 Caracterização

A Caatinga, ecossistema predominante no Nordeste brasileiro e que foi elevado a condição de Bioma, em 2002, é o único ecossistema nacional genuinamente brasileiro, ou seja, que não é compartilhado por outros países, não sendo encontrado em nenhum outro local.

Discriminada do ponto de vista governamental, por ter uma imagem de região pobre em todos os sentidos, inclusive do ponto de vista ambiental, por não possuir uma biodiversidade considerável, (o que não passa também de um mito, criado muito mais pela falta de conhecimento, mas que já está sendo derrubado, haja vista a quantidade enorme de espécies encontradas e outras tantas não catalogadas, inclusive endêmicas).

Tudo isto faz da caatinga a última fronteira ambiental, ecologicamente falando, a ser descoberta a nível nacional.  

 
                     Dentro deste contexto é que se insere o Território Serra da Capivara, local de beleza natural e autêntica, sem muitas modificações realizadas pelo homem e que preserva manifestações artísticas e culturais dos primeiros habitantes do continente.
Pedra Furada, monumento natural formado por erosão eólica na Serra da Capivara
Pintura símbolo do Parna, que muitos confundem com uma capivara, mas na verdade é um veado
vista panorâmica do Parna
gruta no interior do Parna
Boqueirão da Pedra Furada
Local privilegiado, dotado de dois Parques Nacionais de extrema importância por abrigarem vestígios da passagem dos pioneiros do continente, possuindo vários sítios arqueológicos com sinais e pinturas rupestres de várias culturas.
      
7.2 Localização                         

O Território Serra da Capivara está localizado no sudeste do estado do Piauí, contando com 18 municípios, onde a sede administrativa se situa no município de São Raimundo Nonato. O local recebeu este nome em razão de abrigar o PARNA – Parque Nacional Serra da Capivara – que possui um acervo considerável, tanto na fauna com na flora, e que ainda não estão totalmente catalogados, reserva natural de sítios arqueológicos, que apresentam sinais e pistas devidamente comprovados, da passagem do homem pelo território americano á cerca de 50.000 anos.


Projeto do Aeroporto Serra da Capivara em São Raimundo Nonato-PI em formato do símbolo do Parna, mas ainda em fase de construção
 
Em função deste fato, a região ganhou destaque internacional, sendo inclusive, palco para um Congresso Internacional, sobre pinturas rupestres, realizado em São Raimundo Nonato em 2010, onde compareceram várias autoridades no assunto, cientistas, pesquisadores e especialistas de outros países, para conhecer e debater sobre as pinturas encontradas no PARNA.
Museu do Homem americano em São Raimundo Nonato-PI
O PARNA possui área de aproximadamente 130.000ha situada entre os municípios de São Raimundo Nonato, Coronel José Dias, São João do Piauí e João Costa, com paisagens de uma beleza natural surpreendente e pontos de observação privilegiados, é uma área com grande potencial turístico, para uso de camping, passeios ecológicos, assim também como para retornar aos primórdios da civilização através do Museu do Homem Americano, localizado em São Raimundo Nonato, um espaço destinado a acolher as descobertas encontradas no PARNA.
      Além do Parque Nacional Serra da Capivara, a região possui também outro grande Parque Nacional, maior do que o primeiro em extensão, que é o da Serra das Confusões, entre os municípios de Caracol e Guaribas, apenas não possui ainda a estrutura montada no PARNA para receber os turistas adequadamente, apesar disto recebe visitas regularmente, mas também é um lugar magnífico, que encanta pela beleza natural de suas serras e de sua paisagem. Tamanha é a importância destes parques para o local, conhecido como “Corredor Ecológico”, que já está praticamente pronto, em operação experimental, o Aeroporto Internacional Serra da Capivara que receberá visitantes de todas as partes do mundo, facilitando o acesso aos locais de visitação.                                                                                    

7.3 O Clima

É preciso desmistificar a idéia de que a seca, que predomina na região, é a principal responsável pela situação de carência e miséria por que passou o sertanejo, e ainda está passando, só que em menor escala, pois já nota-se um grande avanço nos indicadores sociais, nesta última década.

A população experimentou um acréscimo na renda, gerado pelos programas governamentais, de auxílio ás pessoas de baixa renda, como o programa Bolsa Família e Bolsa Escola e a equiparação salarial dos aposentados e pensionistas em relação aos outros estados do país.
 O clima que impera atualmente na região caracteriza-se por uma temperatura média anual elevada (28°C).

O mês mais frio é junho, com temperatura média de 25°C e máxima de 35°C com mínima de 12°C. No início do período chuvoso, entre outubro e novembro, é a época mais quente do ano, a temperatura média é de 31°C, chegando até 47°C e mínima de 22ºC.

A estação chuvosa vai de outubro até início de maio, mas pode acontecer mais tarde ou terminar mais cedo. As chuvas são de curta duração e extremamente localizadas.



Tanta importância tem a chuva para o sertão, que os momentos mais inesquecíveis na vida do sertanejo sempre têm a chuva como protagonista. Ela é parceira das melhores lembranças do nordestino, que a reconhece como um verdadeiro milagre no sertão. Todos têm alguma história ou proeza para contar sobre uma chuva inesquecível.

As precipitações anuais oscilam entre 250 mm em 1932, ano de seca monumental e 1269 mm no ano de 1974, o mais elevado em 70 anos, mesmo assim inferior aos 1.462,4mm de evapotranspiração anual. Em média as chuvas variam em torno de 689 mm anuais, com desvio padrão de 200 mm, ou seja, bem maior do que em outras regiões semiáridas, e mais um indicativo de que chove bastante no Nordeste, mas só que irregularmente, pois esta média é facilmente conseguida com cerca de quatro a cinco chuvas precipitações consideradas fortes, o que acaba ocasionando o que o sertanejo costuma chamar de “seca verde”, onde ocorre um período de estiagem em plena época de chuvas.

                      Além das precipitações serem irregulares, chove bastante de uma só vez e a distância de uma chuva para outra, após a primeira chuva, é bastante grande, sendo que, para piorar ainda mais a situação, a água da chuva não é devidamente aproveitada pelo sertanejo, que, na maioria dos casos, não possui os meios necessários para a captação correta do recurso hídrico.

 Assim, ele vê o precioso líquido fluir por entre seus dedos sem nada poder fazer para impedir, além de armazenar o que lhe for possível naquele momento.

Mas, apesar da situação descrita acima e que ainda persiste, atualmente já existem meios adequados de armazenamento de água, como as barragens, espalhadas por toda a região, assim como os poços artesianos, que têm se multiplicado a todo vapor, e as cisternas residenciais que garantem o abastecimento de água por todo o período de estiagem.


Se for possível fazer chegar á população a água contida nestes reservatórios, suficientes para suprir uma cidade de grande porte, (a região da Serra da Capivara possui aproximadamente 300.000 habitantes), o sertanejo não irá sofrer mais com os efeitos da estiagem.

Foto: Barragem do Oiti, vista do “sangrador”, transbordando na época das chuvas torrenciais em 2004.   
Como vimos, os recursos hídricos são suficientes, o que falta mesmo são os recursos materiais ou estrutura adequada para atender a demanda, assim como mais reservatórios para armazenamento de água. A questão é mais de ordem política, onde é necessária vontade governamental para executar projetos que viabilizem a captação e distribuição de água para o sertão.

7.4 O habitante do semiárido: O Sertanejo

O sertanejo é um ser peculiar, amplamente caracterizado pelos veículos de comunicação. Tem como principal característica a preservação de seus costumes, de suas vestimentas, de sua originalidade, de seu modo de viver em um local totalmente inóspito, desprovido das condições consideradas ideais de sobrevivência, uma autenticidade á toda prova, que faz questão de carregar consigo, como sinônimo de honestidade, de orgulho, de lealdade ás tradições e de amor á terra em que escolheu para viver.



O sertanejo praticamente não sofreu miscigenação. Oriundo de Portugal, apenas teve contato direto com o negro e o índio, gerando o “caboclo”, lembrando que o negro foi discriminado neste caso, pois não se admitia a sua presença na formação da linhagem do sertanejo.

 Com uma religiosidade levada ao extremo, o habitante do sertão conserva hábitos trazidos ainda pelo colonizador. Dotado de uma fé inabalável, não mede esforços para demonstrar sua lealdade religiosa. Quando acorda, ao nascer do sol, vira-se para o astro, que é símbolo do sertão, e faz sua prece, benzendo-se.
“Ainda hoje a imagem que se tem do nordestino, marcada por estereótipos como o cabeça-chata, baiano, é de um mestiço, notadamente um mameluco, baixo, atarracado, quase sempre feio, com um corpo degradado pela fome, a diversidade étnica da região é bastante desconhecida. ( ) Existe uma maneira de ver e dizer o Nordeste e o nordestino que foi instituída no começo do século XX,  da qual a mídia não consegue fugir...( ) é reduzido a um estereótipo que serve, inclusive, para a elaboração de tipos risíveis e ridículos, nas comédias e outras produções de humor.” ( Albuquerque Jr, 2009).


Logo se vê o quanto permanece equivocada a figura do sertanejo. Só quem vive na região, e também quem freqüenta o local, sabe que esta visão está totalmente ultrapassada.

Hoje o sertão é palco de múltiplos atores, de vários tipos, uma diversidade que ainda não foi percebida, ou que não é admitida propositalmente, pela mídia, que insiste em caracterizar o sertanejo da mesma forma.

Devemos desmistificar também esta imagem do nordestino, que sempre foi “cabra da peste”, que busca na sua potência sexual a compensação pela sua inferioridade econômica, ou seja, é mais um caso de mito compensatório, elaborado novamente pela mesma elite decadente, que se aproveita da inocência do sertanejo e incute em sua consciência valores, tais como honra, orgulho e valentia imprescindíveis para a vitória de qualquer homem na vida (ALBUQUERQUE JR, 2009).
A própria cultura nordestina permanece um tanto estereotipada, como sendo algo apenas folclórico, tradicional, rural e totalmente artesanal, que mantém seus valores religiosos, introduzida pelo branco português com alguns traços indígenas, e que a elite faz questão de preservar apenas como estratégia de dominação e de unidade regional.

É novamente o Nordeste, assim como o sertanejo, sendo visto como algo que estacionou no tempo, em algum lugar da história, e que reluta em sair desta situação.



 Pura estratégia política, basta ver que a cultura nordestina é a mesma disseminada em todo o país, a cultura consumista, da massificação, globalizada, e que sofre influência das regiões mais influentes.

 É claro que temos os mesmos problemas de outras regiões decorrentes das distorções de renda, da centralização do poder político, mas que não é privilégio nordestino.
Dessa forma, deve-se modificar a maneira de se pensar a região, pois esta visão de que o Nordeste parou no tempo, que o sertanejo é o autêntico representante da cultura genuinamente nacional, deve ser ultrapassada, pois só vem legitimar o pensamento da classe dominante, defensora das relações instituídas por elas mesmas.

Não podemos mais consentir com a idéia de que tudo na região deve ser preservado, assim estaremos preservando apenas as relações de poder que dominaram o sertanejo durante todo esse tempo.

“O verbo que deve nortear qualquer processo educativo no Nordeste não deve ser                          nunca o verbo preservar, pois aí já se vem preservando relações de dominação e de exploração muito antigas... os verbos de hoje devem ser transformar, criar, inventar uma nova forma de ver e dizer a região... deve-se falar em admitir e aceitar o novo, a mudança, a descontinuidade.” (Albuquerque Jr, 2009).   

Assim, para modificar este pensamento, é preciso, de início, conscientizar o sertanejo da necessidade da mudança. Resistente á qualquer tipo de mudança, o nativo do semiárido não aceita com facilidade novas formas de comportamento.

 A herança deixada pelos colonizadores ainda está impregnada em sua memória, repercute intensamente em sua personalidade, no seu espírito, e no seu modo de agir. É preciso aceitar a diversidade cultural.
8. O CURRÍCULO ESCOLAR ATUAL NO SEMIÁRIDO NORDESTINO

8.1 O que é Currículo Escolar?

O Currículo Escolar ou pedagógico é um documento elaborado pelas escolas com o objetivo de servir de orientação para a prática pedagógica e também direcionar os rumos que a instituição deve seguir.

Como se trata de um modelo com características peculiares de cada estabelecimento, ele possui várias versões dependendo do tipo de educação que será instituída, da forma como escola será dirigida, e da maneira como ela está inserida e o que representa para a comunidade.

8.2 O currículo descontextualizado nas escolas do semiárido

É necessário priorizar o conhecimento trazido pelo aluno, que possui outros interesses pessoais diferentes daqueles da escola.

A escola não pode dar apenas respostas prontas, mas sim mudar o paradigma, fazendo interrogações, levantando questões para instigar o aluno.

Não pode ser o papel da escola apenas dar conteúdos, mas modificar conteúdos, contextualizando, inserindo a realidade do aluno no processo de aprendizagem.
O professor pode dentro da cultura sadia do aluno, assimilar os seus hábitos, e se interrelacionar com ele, imitando os seus costumes sem perder a autonomia de professor, interagindo, contextualizando com a sala, pois tudo só tem sentido se for contextualizado, se fizer parte do contexto onde o indivíduo está inserido, caso contrário, não traz significado e fica sem sentido para o indivíduo.
  Assim, Martins e Lima (apud LIMA, 2007), reconhecem que é necessário um trabalho de descolonização da educação por meio da construção de uma educação que seja contextualizada e que favoreça o diálogo entre o conhecimento científico e o saber popular.
O currículo não é apenas o aspecto da transmissão de conteúdos, mas também de produção de significados sociais e de novos saberes.

A região Nordeste continua sob o domínio da colonização, do ponto de vista curricular, pois quem determina o que deve ser copiado, impondo o padrão de consumo e de desenvolvimento, são as regiões Sul e Sudeste do país. Na visão de Martins (apud LIMA, 2007, p.3),


“a educação escolar que se dirige aos vários pontos da imensidão do território brasileiro é uma educação descontextualizada e, por sê-lo, é também colonizadora, ou seja, ela se dirige hegemonicamente de uma determinada realidade – atualmente majoritariamente esta realidade é a do sudeste urbano do Brasil.”

 Só haverá democratização da escola quando houver a democratização do currículo. É necessário romper com este modelo de pensamento único, reconhecendo o surgimento da diversidade de pensamentos.

Os movimentos sociais atuais como feministas, raciais, indígenas, homossexuais e outros, devem ser reconhecidos como diversidade de pensamentos e opiniões, e respeitados em sua pluralidade cultural. Não se tolera mais a discriminação de nenhuma forma. Todos têm o direito de expressar seu pensamento, e não devem ser criticados por isso.

Devemos lembrar que foi através destes movimentos sociais que o país mudou e alcançou o nível de democracia em que se encontra e que, pode ainda não ser o ideal, mas que representou um avanço, historicamente falando.

8.3 A educação atual no semiárido

Segundo Mattos (apud LIMA, 2007), a educação desenvolvida no semiárido é construída sobre valores e concepções equivocadas sobre a realidade da região.

Uma educação que reproduz em seu currículo uma ideologia carregada de preconceitos e estereótipos que reforçam a representação do semiárido como espaço de pobreza, miséria e improdutividade, negando todo o potencial dessa região e do seu povo.
Para Giroux e Simon (1994), a cultura popular sempre foi considerada pela classe dominante como algo banal, pobre, sem valor intelectual ou científico, assim sendo, indigna de legitimação acadêmica ou prestígio social para ser utilizada nas escolas. Assim, a cultura popular fica reduzida apenas ao folclore e manifestações culturais, lembrada apenas em datas festivas, diminuindo seu valor histórico.

Não significa a sua destruição, mas a neutralização através do mecanismo da exclusão e da não legitimação como cultura.
Dessa forma, de acordo com Bourdieu e Passeron (apud SILVA, 1999, p.34) a escola não atua pela inculcação da cultura elitista nas crianças, mas ao contrário, ela exclui o saber adquirido pelo aluno, impedindo a manifestação de sua intelectualidade e autenticidade. Portanto a criança da classe popular ao chegar á escola é obrigada a mergulhar num mundo desconhecido, estranho, no qual se vê obrigada a deixar sua cultura de lado em detrimento á outros valores e saberes considerados “cultos” e “universais”.
Ainda segundo Lima (2007), a escola torna-se um espaço desafiador para muitas crianças do semiárido, pois além de serem forçadas a esquecer seus saberes, hábitos e costume, são levadas a incorporar normas, valores e hábitos que não diz respeito ao seu modo de vida, mas que se não forem assimilados serão condenadas ao fracasso escolar e consequentemente na vida. Não obstante, os alunos das classes dominantes têm sua cultura reafirmada e promovida, portanto com êxito praticamente certo nas atividades sociais.
                   Mas na verdade o que ocorre é que a rejeição pela elite á diversidade existente se dá por esta representar um campo de resistência cultural, as classes populares utilizam-se da cultura popular para construir alternativas diferentes daquilo que é imposto pelas elites.

A disseminação da cultura elitista gera o fenômeno da migração de jovens nordestinos com destino ao Sul e Sudeste do país, Para Lima, (2007, p.12)

 “... Encontramos jovens piauienses abandonando suas terras, suas famílias, seus amigos para seguirem para o sul do país em busca de uma nova vida, produzidas pela ideologia capitalista e reforçadas pela escola e pelos meios de comunicação, de que o sul do país é lugar bom e ideal para se viver, pois lá está o desenvolvimento do país, onde todos podem melhorar de vida... É uma pena que a mesma motivação que leva estes jovens, não é a mesma que o traz de volta para sua terra natal.”
Diante do que foi evidenciado, observa-se que o trabalho de resgatar e valorizar a cultura popular torna-se urgente do ponto de vista de reafirmação da identidade e autonomia dos grupos populares, necessita esse resgate, ser incorporado nos processos pedagógicos nas escolas do semiárido, até mesmo como forma de resistência desses grupos ao processo de massificação cultural desenvolvido pela mídia, com o intuito de disseminar os valores e a ideologia da elite empresarial, que apenas deseja transformar pessoas em meros consumidores (LIMA, 2007).
Logo, a educação no semiárido carece de um currículo contextualizado, que venha resgatar e fortalecer os valores culturais, garantindo a autonomia e independência das pessoas.

Conscientizar os jovens de que sua terra natal também pode lhe dar a oportunidade de que necessita, sem precisar migrar para outros locais que, em muitos casos, acabam sofrendo com a discriminação existente em todos os sentidos.
É imprescindível para a adoção da contextualização nas escolas do semiárido, que o professor (a) esteja preparado (a) e atualizado (a) com as novas técnicas de ensino e as novas tecnologias, para que possam contextualizar a realidade com os conteúdos trabalhados e dessa forma redirecionar o ensino com base na realidade da comunidade para promover a aprendizagem, dando significado aos conteúdos apresentados, baseado na experiência do aluno.

 Torna-se necessário atualizar a “práxis” educativa do professor no sentido de refletir sobre o planejamento de suas aulas, de maneira que se possa alterar o rumo das práticas, visando melhorar a assimilação por parte do aluno.

Pois, se o professor ensinou e o aluno não aprendeu o professor literalmente não ensinou, apenas perdeu seu tempo e do aluno. Para haver ensino tem que existir aprendizagem, caso contrário, o ensino foi em vão.


9. AS CULTURAS NEGADAS E SILENCIADAS NO CURRÍCULO

No currículo atual, considerado hegemônico e não heterogêneo, existem algumas culturas que são negadas ou negligenciadas, que são consideradas inúteis, como as minorias, e silenciadas ou estereotipadas, deformadas ou mesmo ridicularizadas. Dentre elas podemos citar:

9.1 As culturas infantis ou juvenis

Na cultura atual, existente nas escolas e segundo os elaboradores do currículo escolar, as crianças desconhecem por que são crianças, seus direitos e deveres, colocam-na em um mundo paradisíaco, são ingênuas, desprotegidas e, portanto, sem maiores preocupações, interesses e desejos, devendo assim, serem receptivas ás novas regras.

Estas infâncias são silenciadas, pois não existe uma intenção dos currículos em estudar as condições e o modo de vida da infância pobre, rural ou litorânea, do terceiro mundo, dos países em guerra, isto não existe nos livros didáticos.

Assim, da mesma forma as que vivem em situações de injustiça, como crianças objeto de tráfico de órgãos, do esquadrão da morte, aliciadas por traficantes, prostitutas e vítimas de pedofilia e do trabalho desumano, que não se discute na escola.
 Esclarecer o alunado é uma forma de prepará-lo para a vida e para sobreviver com as peculariedades do mundo. A rejeição do professor que não reconhece a cultura popular das crianças e jovens (cinema, rock, quadrinhos, internet) como veículo de comunicação, está fazendo-o perder uma grande chance de aproveitar estes temas como base para partir para uma contextualização em sala de aula, assim, ele poderá compreender a realidade, vinculando com o currículo escolar.

No que a sociedade considera indispensável para produzir cidadãos conscientes, não podemos partir de uma ignorância dos valores culturais que a juventude valoriza acima de tudo.
As culturas juvenis são formas culturais que melhor representam e traduzem os, as preocupações e valores da juventude e nos permitem descobrir o que realmente é relevante para eles, ou seja, o professor deve atentar e reconhecer esta realidade juvenil que, na maioria das vezes é ocultada na escola, quando não são atacadas.


9.2 A cultura campesina

Em uma perspectiva puramente educacional, podemos inserir ou encarar a cultura existente no campo, ou campesina, como um tipo de cultura diferenciada, onde os atores são completamente diferentes da cultura urbana, assim com a realidade da comunidade e o aspecto ambiental também é divergente.
Desta forma, o currículo atual carece de uma nova contextualização que vise contemplar a população campesina ou rural.

É necessária uma reformulação dos conteúdos, priorizando este novo tipo de indivíduo que antes não tinha acesso á escola. Isto não significa que este aluno deva ser moldado á maneira daquele que vive na cidade, mas sim, aproveitar a sua experiência de vida no campo e procurar contextualizar como uma cultura que, apesar de para ele ser novidade, possa trazer benefícios para sua convivência em sua comunidade.
Mas, para que isto venha a ocorrer, é necessária a preparação dos educadores para lidar com pessoas distantes de uma realidade urbana, distantes das novas tecnologias, e que trazem consigo uma experiência bastante diferente daquela que o professor considera como sendo ideal para o aprendizado.

Este contato do educador urbano, intelectual, com o camponês matuto, experiente e conhecedor de sua terra, seria um novo descobrimento do Brasil, é o choque de culturas estranhas, dentro de um mesmo país, que possuem outros valores, outros conceitos, outros objetivos, mas que, ao mesmo tempo, podem se beneficiar mutuamente.
Estes são apenas três casos citados, mas temos outras culturas que são negligenciadas e excluídas, como as etnias minoritárias ou sem poder, o mundo feminino, a cultura africana ou negra, a sexualidade lésbica e homossexual, que são assuntos considerados ainda como “tabus” nas escolas, a classe trabalhadora e os pobres, assim como os deficientes físicos.



9.3 A cultura hegemônica ou dos grupos que detém o poder

É a única que é vista nas escolas como cultura legítima. Assim, o idioma aprendido é o do grupo dominante, a literatura é daqueles autores que esses grupos valorizam, a geografia e a história é a dos vencedores, a matemática para proteger empresas e negócios. 
                   A arte legítima é a encontrada nos museus, a música ideal é a erudita ou clássica, sem voz. A ópera é considerada obra prima em matéria de música.

As pinturas valorizadas são as dos grandes artistas do passado, (quanto mais antiga, mais valor possui),  nega-se o trabalho atual dos grafiteiros, pintores, esquecem que obras hoje valorizadas, foram qualificadas, na sua época, como algo de péssimo gosto. Jamais encontraremos nos livros, o rock, o punk, o jazz, o rap, quadrinhos, bailes dos jovens, como o funk, vídeoclips.


10. DOM INOCÊNCIO, A PEQUENA GRANDE CIDADE

Dos 1.133 municípios que fazem parte do semiárido, (número este que não pára de crescer), queremos destacar agora, um dos que estão encravados dentro da região mais caracterizada como semiárida, mais carente de recursos e de infra-estrutura, com índices de desenvolvimento considerados baixos, que é o município de Dom Inocêncio, situado no território da Serra da Capivara, no Piauí, objeto central desta pesquisa.

 Dom Inocêncio é um município desmembrado de São Raimundo Nonato em 1989 como ocorreu com todos os outros 10 municípios da região que pertenciam á esta cidade.

Considerada nova em termos de emancipação, a cidade hoje apresenta altas taxas de ocupação em relação ás outras cidades que surgiram da emancipação de São Raimundo, destacando-se por ser das mais extensas da região, com uma população quatro vezes maior vivendo no interior do município em relação aos moradores da sede, (o interior do município conta com aproximadamente 8.000 habitantes e a sede com cerca de 2.000 pessoas). 

A cidade já está experimentando um fluxo muito grande de migrações do interior para a sede, que, apesar de acolher este contingente considerável, com doações de terrenos, por exemplo, não possui a estrutura necessária para atender estas famílias que buscam novas oportunidades.
Principalmente na questão do abastecimento de água, a cidade tem muitas dificuldades no atendimento. O serviço de água encanada não atende á todas as casas, apenas as que estão num local mais baixo, sendo que aquelas situadas em locais mais elevados não são abastecidas, pois o bombeamento da água não chega a estes locais, necessitando do carro pipa para o abastecimento.
 
Foto: Entrada da cidade de Dom Inocêncio-PI                                           Foto: loteamento no Alto da Bela Vista           
                                                 
                                                                                                            Mapa 1: Território Serra da Capivara    Fonte: Marilde Campos (2010)
Com uma população de 10.800 habitantes, (censo de 2009), Dom Inocêncio possui uma área total de cerca de 5.000 km², representando uma taxa demográfica de 2,16 hab./km² considerada normal para o Estado que conta atualmente com 221 municípios.


A cidade faz parte da microrregião administrativa de São Raimundo Nonato, da qual pertencia, mas que foi emancipado em 1989, (recebendo o nome de um famoso bispo que viveu                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    na cidade sede da região, nos anos 50), e da qual está distante 105 km por estrada de terra.

Mapa 2: O Piauí e seus 222 municípios atuais            Fonte: Lima (2003)                                                                                                                                                                                                                                                                                                    
Vamos analisar agora os índices referentes ao município no ano de 2000
ÍNDICES
VALOR    
POSIÇÃO
Exclusão Social
0.343
63º
Pobreza
0.241
60º
Desigualdade
0.013
107º
Alfabetização
0.643
26º
Escolaridade
0.178
154º
Fonte: Atlas da Exclusão Social no Piauí. Fundação CEPRO, 2003



Obs. A posição indica onde o município se situa no ranking estadual. Os índices variam de zero a um quanto mais próximo de um, melhor é o índice. O Estado do Piauí possui ao todo 221 municípios atualmente (2010). 


Contemplado com o maior rebanho de caprinos do Estado, (com cerca de 130.000 cabeças), Dom Inocêncio é reconhecido no Piauí como terra propícia para caprinocultura assim como a ovinocultura, culturas que se mostraram mais adaptadas á região do que a pecuária.

Outro fator de destaque no município é a educação, com cerca de mais da metade da população na escola, entre crianças, jovens e adultos, o município conta com várias escolas espalhadas pelo seu interior, todas pertencentes ao poder municipal, (mas que possuem anexos estaduais funcionando nos estabelecimentos), construídas bem antes da cidade se emancipar, através de uma Fundação criada em 1965.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     
10.1 A Cidade dos Estudantes

Como podemos notar através do índice de alfabetização, na tabela anterior, o município possui um alto índice de pessoas alfabetizadas em relação aos outros municípios do Estado.
Atualmente a cidade conta com três escolas na sede do município, sendo duas estaduais; UEDI – Unidade Estadual Dom Inocêncio, que atua no segmento do ensino fundamental menor e maior; UEMOR – Unidade Estadual Maria de Oliveira Rodrigues, atuando no segmento do ensino médio; UEMDI – Unidade Escolar Municipal Dom Inocêncio, que ministra cursos á nível de ensino fundamental maior e menor e que pertence ao poder municipal.

 As outras escolas também atuam no segmento do ensino fundamental maior e menor e estão espalhadas por todo o interior do município oferecendo também o ensino de jovens e adultos – EJA á nível do ensino fundamental.
Dom Inocêncio também é conhecido como “cidade dos estudantes”, devido ao grande número de estudantes, oriundos do interior do município, que buscam a sua sede para frequentar os estabelecimentos de ensino, principalmente o que oferece o ensino médio. No período de férias a cidade praticamente se esvazia devido á volta dos alunos ás suas casas.

10.2 UEMOR – Unidade Estadual Maria de Oliveira Rodrigues

Única escola a oferecer o ensino médio no município, a UEMOR iniciou suas atividades em 2006, já atuando apenas no segmento do ensino médio, na modalidade científica.

No início, a escola contava com apenas três turmas, de 1ª á 3ª série, mas atualmente já são quatro turmas de 1ª série, quatro turmas de 2ª série e três turmas da 3ª série.

 É preciso destacar também os nove anexos pertencentes á UEMOR, espalhados pelo interior do município, que funcionam nos prédios municipais, ministrando cursos de ensino fundamental, na modalidade EJA – Educação de Jovens e Adultos.
   Foto: UEMOR – Unidade Estadual Maria de Oliveira Rodrigues               

Foto: UEMOR – Pátio central da escola com salas ao fundo   
A escola também oferece o ensino fundamental na sede do município, na modalidade EJA, contando com quatro turmas que estudam no período noturno. 

Com quatorze funcionários na área administrativa; três vigias, duas secretárias, cinco auxiliares de limpeza, dois coordenadores pedagógicos e duas diretoras, a escola possui cerca de sessenta professores em seu quadro, sendo que dois terços, cerca de quarenta professores, atuam na sede e o restante nos anexos. O total de alunos matriculados em 2010 ficou em torno de 1.000 alunos.
O estabelecimento conta com seis salas de aula, sendo que uma funciona como laboratório de informática, dotada de dez computadores, onde é oferecida aulas de informática.

Outra sala é destinada a educação especial, que recebe alunos com necessidades especiais, uma cantina, banheiros, uma quadra de esportes, uma secretaria e uma biblioteca.
O núcleo gestor da Unidade Escolar Maria de Oliveira Rodrigues – UEMOR é formado por quatro membros sendo: Diretora, Vice-Diretora, e dois Coordenadores Pedagógicos.

A Coordenadora da escola, Silésia Dias Pereira foi responsável por responder ao questionário a seguir e que nos forneceu informações relevantes sobre o currículo da instituição e de que maneira a unidade escolar é administrada.

QUESTIONÁRIO

1- Fale sobre este estabelecimento de ensino, sua função exercida na escola e suas responsabilidades.
A UEMOR iniciou as atividades em 2006, oferecendo a educação á nível de ensino médio, que antes funcionava na Unidade Estadual Dom Inocêncio, que formou a sua primeira turma de nível médio em 2004 e a última em 2005, e que no ano seguinte passou a ser de responsabilidade da UEMOR. No início a Unidade Escolar contava com apenas três turmas de 1ª a 3ª séries, mas este número foi aumentando gradativamente, ano após ano, até chegarmos com cerca de 1.000 matrículas em 2010, somando-se os anexos que funcionam nas escolas do interior do município.
A função que exerço no momento é de Coordenadora pedagógica e sou um dos responsáveis pelo bom funcionamento da escola, garantindo ao aluno o direito de estudar, auxiliando os professores suprindo suas necessidades, no planejamento de suas aulas, das avaliações e no preenchimento dos diários de classe, entre outras atribuições.
2- O que você entende por contextualização na educação e de que forma a escola encara este novo método ou modelo de ensino?
Contextualizar, como o próprio nome já diz, significa, em minha opinião, inserir o que é aprendido nos conteúdos dentro do contexto da realidade do estudante. O que representa um avanço na maneira de tratar os conteúdos. Na nossa escola isto ainda não está sendo executado de maneira efetiva, pois não consta no currículo e os professores ainda não estão preparados.

3- Neste estabelecimento existe uma preocupação com a educação contextualizada, ou seja, no currículo escolar este tipo de educação está inserido?
No momento não se tem uma preocupação em trabalhar com a contextualização pelos motivos citados acima, dentre os principais podemos destacar a ausência no currículo da escola de uma disciplina que abrangesse apenas aspectos da vida local dos moradores, o que já seria um avanço. Mas também inserimos no currículo, nas disciplinas optativas, matérias que tratam dos problemas locais de nosso Estado, como História do Piauí, Geografia do Piauí e Artes.

4- Quais as atividades desenvolvidas pela escola nas quais podemos destacar aspectos contextuais de aprendizagem onde os alunos pudessem mostrar e ao mesmo tempo descobrir novas formas de se entender o semiárido?
Temos realizado nestes quatro anos de funcionamento da escola, várias atividades visando despertar no educando a consciência ecológica, a importância de se preservar o nosso patrimônio natural. Normalmente isto ocorre no dia do meio ambiente, 04 de junho, onde a escola realiza trabalhos voltados para a conscientização ambiental, mas também fazemos passeios pelos pontos turísticos do interior do município para conhecermos melhor o local onde vivemos.

5- Neste estabelecimento de ensino os professores possuem total liberdade na elaboração e preparação das aulas, ou devem seguir rigorosamente o currículo pedagógico da escola com relação aos conteúdos trabalhados?
Com certeza, todos os professores têm essa liberdade na escolha dos temas que vão trabalhar, é claro que devem constar na grade curricular da escola, pois são exigidos pelo MEC, mas não fazemos objeções quanto á maneira com que serão trabalhados e nem criticamos se o professor se afastar um pouco dos conteúdos exigidos, sabemos que muitas vezes se torna necessário a diversidade de conhecimentos.

6- Qual a sua opinião á respeito da criação de uma disciplina exclusiva que trate da educação contextualizada no semiárido destinada a desenvolver o conhecimento sobre a região e suas peculiaridades, provocando a autoestima de seus habitantes assim como o desenvolvimento autosustentável do território Serra da Capivara?
Creio que seria interessante do ponto de vista educacional, pois despertaria no aluno a importância que possui a sua localidade, os seus saberes adquiridos na comunidade, valorizando a cultura popular, possibilitando que o aluno assimile com mais facilidade os conteúdos trabalhados, partindo de uma realidade que é a sua, local e que ele já domina e compreende muitas vezes até mais que o professor.

7- De que maneira é feita a proposta pedagógica na escola? Existe uma revisão desta proposta e se existe com que freqüência ela é feita? A escola tem intenção de inserir em seu currículo a contextualização em todas as disciplinas?
A proposta pedagógica utilizada pela escola foi elaborada em 2006, no início das atividades da UEMOR. Essa proposta continua vigorando, apenas no início de cada ano letivo ela sofre algumas alterações em função da mudança na grade curricular, da quantidade de alunos matriculados, entre outras variáveis que acabam por mudar o que foi proposto inicialmente. Ela é feita pelo núcleo gestor da escola, e revista anualmente, com relação a adoção da educação contextualizada nas disciplinas é intenção da escola inserir na proposta, apesar de saber que os professores ainda não estão preparados, mas que alguns já fazem isso em suas aulas só que muito timidamente.

8- De que forma é realizada a gestão administrativa na escola, é centralizada ou descentralizada, como é organizado o núcleo gestor, a unidade possui conselho escolar?
A gestão administrativa da escola é democrática, é realizada eleição para direção de dois em dois anos. O diretor organiza uma lista de candidatos ou “chapa” eleitoral com todos os participantes do núcleo gestor. Os alunos, como também os pais, têm direito ao voto apenas para diretor, que precisa fazer parte do quadro efetivo do Estado, assim com os integrantes do núcleo gestor. A gestão é descentralizada, apesar das tarefas serem bem definidas, nada impede que qualquer integrante do núcleo gestor possa dar sugestões ou deliberar na ausência de um superior. O Conselho Escolar é formado por representantes dos alunos, dos professores, da comunidade, dos pais, e de associações municipais. O presidente do Conselho é sempre o (a) diretor (a) da Unidade Escolar.

9- Os professores recebem formação continuada ou cursos de capacitação par atualizar suas práticas educativas, possuem conhecimento a respeito da educação contextualizada e refletem sobre o planejamento de suas aulas, através de uma práxis de monitoramento das mesmas procurando aprimorá-las?
Sempre temos cursos de capacitação para professores em nosso município, pois temos muitos deles que são recém-formados e que estão iniciando na carreira, e temos aqueles que ministram aulas em sua comunidade que fica distante da sede do município e dos grandes centros, assim é necessário investir nos cursos de capacitação para estes professores que têm poucas oportunidades de se atualizar. Já tivemos um curso de Educação Contextualizada realizado em parceria com a Secretaria de Educação Estadual em 2010, foi muito bem aceito e assimilado pelos professores. Com relação a refletir sobre as suas aulas, acredito que cada professor procura sempre a melhor maneira de se trabalhar os conteúdos, existe, como já dissemos a liberdade para escolher os assuntos a serem trabalhados, e o planejamento das aulas é sempre flexível, ou seja, cada educador pode e deve aprimorar sua didática.

10- Com relação ao corpo discente, qual a faixa etária dos estudantes, classe social, origem e nível de conhecimento dos alunos, a adoção da educação contextualizada poderá ser aceita pelos mesmos como um instrumento de aprendizagem?
Nosso alunado se situa entre 14 e 21 anos para o ensino médio, e acima dos 17 anos para o ensino dos Jovens e Adultos (EJA). A totalidade dos alunos é da classe D e classe E, praticamente todos estão no mesmo nível de conhecimento, a não ser os que já residem na sede do município, que já possuem uma base de conhecimento mais sólida em relação aos que são oriundos do interior do município. Com relação à contextualização na sala de aula, acredito que será benéfica e bastante aceita pelos alunos em função de ser uma prática de ensino voltada para a sua realidade, vai trazer com certeza, significado para a sua aprendizagem, fazendo-o compreender melhor os conteúdos e se interessar mais pelas aulas, pois o que não traz significado não pode ser compreendido pelo educando.


Artigo apresentado por Raimundo Campos em sua pós graduação em Educação Contextualizada no Semiárido. 

Dom Inocêncio, julho de 2011
                                                                                                                                                
      
               

          



                                                                                                                                                  
  


  



 



















  








      
                 
                                                                                                              


                                                                                                                                                                                                                                                        
;  Índice que relaciona a precipitação pluviométrica com a evapotranspiração. É calculado dividindo a quantidade de chuva em milímetros pela quantidade de evaporação também em milímetros. O índice vai de zero a um, sendo que quanto mais baixo, mais árido é o município. 

Um comentário:

  1. Parabéns pela matéria. Em outra oportunidade postarei meu ponto de vista sobre o assunto.
    Está belissima.

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